Agora sim - Crônicas de Ivete
Passando pela Oscar Freire dias atrás, me deparei com aquela calça na vitrine, sabe AQUELA calça! Aquela das que só se vê uma vez na vida, de tamanha raridade que seria mais fácil encontrar um amor verdadeiro do que uma calça tão bonita.
Pois é, mas era eu ne! Um e setenta de altura, cinco quilos acima do meu peso. Entrei, pedi pela calça, tentei vestí-la, não entrou. Pedi uma maior, a vendedora respondeu dizendo que não havia, pois tratava de um tamanho "único padrão", engoli seco.
Padrão! Como assim padrão?! Padrão do que?! Perguntei enfurecida – nisso a competentíssima vendedora me respondeu com palavras que ecoaram dentro de mim – é o padrão da moda, minha senhora, padrão da beleza. Engoli seco mais uma vez e sai, não discutiria com ela sobre a calça que era para ser minha , mas o padrão não deixou.
Padrões, nunca se ouviu tanto que devemos seguir padrões de beleza - se você quiser tal coisa tem que ser assim ou assado, pensar desse jeito e sorrir dessa maneira. Estão tentando nos padronizar, estão tentando fazer com que sejamos todas parecidas, que tenhamos os mesmo pensamentos, e que gostemos das mesma coisas. E o pior é que podemos até nos fazer de despercebidas, ou então dizer que não estamos nem aí, mas no fundo, dói saber que não nos enquadramos ou que estamos fora do grupo para o qual as coisas são produzidas.
Primeiro a tristeza, depois a depressão - quem nunca se sentiu mal por não ser como aquela atriz da novela que tem os cabelos tão lindos e o corpo tão escultural, e ainda diz que precisa perder cinco quilos porque televisão engorda!
O mais enfurecedor é quando a gente vê a capa da revista na banca dizendo em letras garrafais que a linda morena que recentemente fez um ensaio nu, come de tudo e não engorda. Come de tudo o que?! Vento?! E a gente acredita e se corta de inveja, o que é pior. O engraçado é que já trazemos conosco essa insatisfação constante, se pudéssemos dar só uma arrumadinha no cabelo no rosto e no resto... e mais uma vez nos encontramos lá, diante do que gostaríamos de ser, sem que possamos ser, só porque tem alguma mídia dizendo que se assim o fossemos, seríamos mais felizes. Bobagem!
É bom pararmos urgente, escravas do padrão nunca mais! Vamos nos permitir ser nós mesmas. Vamos descobrir o que há de valor em nós e explorar isso. Se são os olhos, que eles recebam destaque, se são os cabelos que eles chamem ainda mais a atenção.
Magreza excessiva nunca foi sinônimo de elegância, vamos valorizar as nossas curvas, vamos nos libertar da tristeza de não parecermos com a atriz da tv, o nosso valor está muito mais no que somos, no que sentimos e no que podemos oferecer. Marcas de expressão?! Sim e literalmente! Significam que a vida já nos trouxe tanta coisa e que nós não passamos com inércia por elas.
Viva a diferença! O mundo é das loiras, das magrinhas, das baixas, das morenas, das altas, das gordinhas, da garota e da mulher, da ruiva, do crespo e do liso, da mulata e da oriental!
Somos nós que geramos o mundo. Somos nós que mudamos o mundo.
Seremos nós que romperemos com os padrões, criando e promulgando um único onde todos deveremos nos encaixar - O PADRÃO DA FELICIDADE!
Ganhe um mundo que é só seu, rompa as muralhas. Orgulhe-se de ser quem você é. Faça a diferença, seja linda, seja feliz!!